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Vencendo o câncer infantojuvenil com amor e solidariedade
Fundação Banco do Brasil aporta R$ 600 mil para construção de call center e capacitação para a Abrace (DF)
O câncer é uma doença que ainda possui muito estigma. Há pessoas que não gostam de pronunciar a palavra: “é aquela doença ruim”, dizem porque citá-la pode trazer mau agouro. Mas, quem convive com a doença, afirma que não há só dor. É possível vivenciar solidariedade. “Esta semana, um menino de 11 anos cortou o cabelo e doou para fazermos perucas. Ele deixou crescer por dois anos. As vezes, a gente subestima a consciência de uma criança e elas nos surpreendem com um ato de amor”, afirma Maria Ângela Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças e Portadores de Câncer e Hemopatias – Abrace.
O gesto de doação deste menino é só uma das ações que a entidade presta para as famílias de pacientes com câncer infantojuvenil. Com sede em Brasília (DF), a Abrace foi fundada em 1986 para ajudar pais de crianças e adolescentes que vinham de várias regiões do país para fazer tratamento. O trabalho foi tão exitoso, que atualmente a entidade oferece 66 leitos de hospedagem para pacientes e acompanhantes, espaço pedagógico para as crianças e adolescentes continuarem estudando durante o tratamento além de apoio psicossocial para pacientes e familiares enfrentarem a doença.
Foi este histórico, que motivou a Fundação Banco do Brasil a aportar o valor de R$ 600 mil para a entidade construir uma central de doações e capacitar 100 jovens e familiares para atuarem em Call Center próprio e também serem encaminhados para o mercado de trabalho. Serão quatro turmas até maio, divididas em dois módulos: um voltado para o telemarketing e o outro para empregabilidade. A primeira turma termina nesta segunda-feira (18) com a formação 17 alunos, entre assistidos e familiares.
Uma das participantes do curso, Zaldalina Rodrigues dos Santos, residente em Vicente Pires (DF), enfrentou o diagnóstico de um linfoma não Hodgkin (nódulos nos gânglios que combatem infecções no organismo) quando a filha Iara estava com 10 anos. O tumor estava localizado na parte pélvica, e devido a localização, a filha não pode fazer cirurgia. Foram 2 anos e 6 meses de quimioterapia e um ano de ingestão de remédios via oral para a superação do câncer. Porém, durante todo este período o medo de perder a filha acompanhou Zaldalina e a Abrace teve um papel importante durante este processo.
“No inicio eles me ajudaram a passar pela fase do medo. Eu tinha uma dificuldade de lidar com isto, eu tinha medo que minha filha pudesse partir por causa da doença. Eles me ajudaram, me deram apoio, me apresentaram outras mães para eu saber que a minha filha seria curada. Sempre mandavam alguém para me dar apoio psicologicamente, e eles iam contando histórias de outras famílias, que diziam que eles tinham vencido a doença e que eu também iria vencer. Isto me ajudando na autoconfiança”, afirma Zaldalina. Além do apoio psicológico, a Abrace forneceu informações para acesso ao Benefício de Prestação Continuada para pessoas incapacitadas de trabalho por motivo de doença, acesso a medicamentos, até a festa de 15 anos de Iara a entidade fez. “É um tratamento maravilhoso e é gratificante. A Abrace dá tanta força para nós familiares e pacientes passarmos pelas doenças porque eles têm um carinho imenso com a gente”.
Após participar da capacitação, Zaldalina acredita que o conhecimento que adquiriu pode ajudar no mercado de trabalho e também com as famílias que chegam de várias partes do país para fazerem tratamento em Brasília e que ficam hospedadas na Abrace. “Eu posso retribuir o que a Abrace fez por mim e minha filha ajudando outras famílias depois deste curso”, avalia. Atualmente Iara, filha de Zaldalina está curada da doença e faz acompanhamento periódico para o controle da doença.
Dados da doença
Segundo o Instituto Nacional de Câncer, anualmente ocorrem 12500 casos de câncer infantojuvenil. A doença ocorre quando há proliferação descontrolada de células anormais em qualquer local do organismo, mas diferente do câncer do adulto, o infantojuvenil geralmente afeta células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Atualmente, 80% das crianças e jovens acometidas pela doença são curadas.
A Presidente da Abrace, Maria Angela Ferreira, diz que o sucesso do tratamento depende além de uma infraestrutura adequada, do envolvimento da comunidade com este tema como forma de desmitificar que uma criança com câncer fatalmente virá a óbito. “O Call Center serve para arrecadarmos doações e também explicamos para a comunidade o que a Abrace faz para apoiar familiares e que é possível vencer o câncer com acesso a tratamento adequado, amor, cuidado e informações”, finaliza.
Parceria na luta contra o câncer infantojuvenil
Investimento social da Fundação Banco do Brasil no valor de R$ 609 mil será usado na estruturação da central de doações
Há quase 33 anos, a Abrace - Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatia ajuda a transformar a vida de crianças e adolescentes diagnosticados com câncer ou doenças hematológicas, visando proporcionar melhoria na qualidade de vida de pacientes e família. Com o apoio da Fundação Banco do Brasil, a entidade espera ampliar a arrecadação de recursos e o atendimento.
Com sede no Guará II, Região Administrativa do Distrito Federal, a organização não-governamental conta com a colaboração de voluntários para prestar assistência a crianças e adolescentes que necessitam de acompanhamento médico. As famílias são hospedadas em uma casa de apoio para acompanhamento do tratamento. Hoje a entidade tem 922 assistidos do Distrito Federal e de outras regiões do País.
Após receber o diagnóstico de câncer, pela Rede Pública de Saúde, o paciente é encaminhado ao Hospital da Criança José Alencar de Brasília (HCB), onde fará o tratamento contra a doença, e à Abrace, onde receberá assistência social. Normalmente, o maior número de assistidos é da região Centro-Oeste, mas o atendimento é prestado a residentes de qualquer região do país.
Assim que chega à Abrace, o paciente recebe os primeiros cuidados, chamado de Programa Acolhimento, em que é feita uma triagem das principais necessidades da criança e da sua família. Quando o assistido é de outro estado, ele fica hospedado na Casa de Apoio da Instituição.
E foi assim que aconteceu com Filomena Carvalho Leite e o filho, John Klose, de 11 anos, moradores da cidade de Santa Filomena, no Piauí. Há um ano, após John ser diagnosticado com aplasia medular (doença do sangue em que há produção insuficiente de células sanguíneas na medula óssea), a rotina da família mudou. Mãe e filho precisaram se mudar para Brasília em busca de tratamento. Na casa de Apoio da Abrace, além da assistência, Filomena conta que ela também foi muito bem acolhida.
“Somos muito bem tratados aqui. Eles nos dão toda a assistência que precisamos para continuar o tratamento e nos sentimos em casa. Sem esse apoio seria difícil fazer o acompanhamento em dois hospitais”, disse. Em breve, John fará o transplante de medula óssea.
Nesta quarta-feira, a Fundação Banco do Brasil e a Abrace formalizaram um convênio no valor de R$ 609 mil para o projeto “Estruturação de Central de Doações (Call Center) e Capacitação de Jovens e Familiares”. A ação visa adequar um ambiente para treinamento de jovens e familiares de pessoas em tratamento, com acomodações modernas para as operadoras de telemarketing - um serviço já existente na entidade. A ideia é profissionalizar e ampliar a quantidade de doações para manutenção e dar sustentabilidade aos programas de apoio às famílias.
"Com essa parceria teremos a oportunidade de ajudar muitas famílias e de mudar a realidade de vida de muitas delas. Aqui é o lugar que podemos dar as mãos para ajudar o outro”, revelou o presidente da instituição, Asclepius Soares.
Unidos somos mais fortes
A Abrace conta hoje com 150 voluntários ativos na entidade e cerca de 290 no HCB e tem um quadro de cerca de 100 funcionários.
Na Casa de Apoio existem, hoje, 50 leitos para a acomodação de crianças e adolescentes e acompanhantes. Já o Espaço Renascer, possui seis apartamentos com 12 leitos – quatro deles para transplantados - com capacidade para receber uma criança e acompanhante e outros dois para isolamento. O local atende crianças e adolescentes em dois casos: aqueles submetidos ao transplante de medula óssea (TMO) e aqueles que precisam de isolamento por necessidades clínicas.
“A Abrace é agradecida à Fundação Banco do Brasil pelo reconhecimento e oportunidade de realização desse projeto inovador que trará muitos benefícios a esta Instituição e abrirá novos horizontes no mercado de trabalho. Historicamente, a Fundação do Banco do Brasil e demais Instituições vinculadas ao Banco do Brasil vêm dando valiosa colaboração para a Abrace. Esse espírito solidário tem permitido ir além da assistência de apoio ao tratamento do pequeno paciente, estendendo às suas familiares melhores condições de vida”, declarou Maria Ângela Marini, presidente interina da entidade.
Desenvolvendo Talentos
Com o tratamento dos filhos, as mães acabam deixando para traz estudos, profissões e até mesmo os demais membros da família. São elas que mudam da sua cidade natal com as crianças em busca de tratamento, e por ser, na maioria dos casos, um tratamento extenso, a mãe tem dificuldade de retomar as suas atividades profissionais pelo tempo que ficou afastada do mercado de trabalho.
Para ajudar essas mulheres, a Abrace identificou no artesanato uma atividade de cunho profissional e terapêutico, para apoiar as mulheres no seu processo de inclusão social e produtiva.
Em 2017, a entidade recebeu investimento social da Fundação Banco do Brasil, a de R$ 52,6 mil para montar o ateliê de produção de peças artesanais, com a aquisição de equipamentos e insumos. A base do trabalho é o reaproveitamento de matérias primas, a exemplo do jeans e caixa de leite. O dinheiro arrecadado com as vendas das peças é repassado às artesãs.
A divulgação deste assunto contempla um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que fazem parte da Agenda da Organização das Nações Unidas com metas para o ano de 2030.