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Mulheres se destacam no voluntariado
O perfil dos voluntários no país é em sua maioria de mulheres, afirma pesquisa do IBGE
Consideradas mais altruístas, empáticas e comprometidas, as mulheres têm feito jus aos atributos que lhes dão ao mostrar que são elas as que mais encontram um espaço na agenda para se dedicar ao voluntariado. De acordo com a pesquisa “Outras Formas de Trabalho 2018”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 7,2 milhões de pessoas que realizam trabalho voluntário, 5,0% são mulheres, enquanto eles representam 3,4%.
Para Silvia Maria Louzã Naccache, consultora e palestrante em voluntariado, a mudança de comportamento por parte das mulheres é gradativamente perceptível na última década. “As oportunidades de atuação para o voluntariado se transformaram muito nesses 10 anos e as pessoas perceberam que além de doar tempo, energia e amor, também podem compartilhar seus talentos driblando até mesmo a distância. Mas o mais importante é que mesmo as mulheres sendo mais ocupadas, elas têm encontrado uma causa para se dedicar. E, em questão de tempo, o interesse e a participação de homens e mulheres serão bem mais equilibrados”, destaca.
Encontrando uma missão
Mesmo sendo muito interessada desde jovem às causas sociais, Quéli Gonsalves, escriturária do Banco do Brasil, em São Gabriel (BA), desde 2011, não escolheu o projeto pelo qual queria se dedicar, mas sim foi escolhida e de uma maneira inusitada em 2019. “Na época, o presidente da Fundação Culturarte chegou à agência onde trabalho em busca de patrocínio. O gerente explicou para ele que o Banco apoiava projetos por meio da Fundação Banco do Brasil. Logo nós abrimos o site e vimos que havia um edital para seleção de projeto. E, foi aí, com o apoio do André Oliveira que me voluntariei”, relata.
O projeto “Inclusão Produtiva em Eventos Culturais no Sertão da Bahia”, que atua em São Gabriel (BA), visa a qualificação da produção cultural em suas diversas linguagens, apoiando artesãos, artistas plásticos, músicos e demais produtores criativos, para fins de criar oportunidades de geração de emprego e renda. O projeto foi pensado no contexto dos eventos culturais da região, a partir da experiência da Culturarte com a realização da Cantoria de São Gabriel, há quase 30 anos.
E o melhor é que o projeto contempla mulheres, garantindo cinquenta por cento das vagas nas formações para este público. Além de assegurar a participação da juventude, priorizando na formação no campo do audiovisual vagas para o público de 16 a 29 anos.
Foi nesta iniciativa que Quéli pôde sair da sua zona de conforto e voltar o seu olhar para o outro. “Ali, eu me senti uma pessoa socialmente necessária a partir do entendimento de que cada pessoa é importante e todos nós temos algo a oferecer. Não devemos ficar inertes frente a situações que nos incomodam dentro da nossa comunidade (ou até mais amplamente)”, compartilha.
Quando perguntada sobre como enxerga as mulheres no voluntariado, ela conclui que esse cenário pode variar de uma região do país para outra. “Aqui no território de Irecê (BA) eu noto uma forte presença masculina em ações voluntárias. O estigma de que certas tarefas, como os serviços domésticos e os cuidados com a família, são tarefas essencialmente femininas, pode nos restar pouco tempo para outras atividades. Já em outras regiões pode ser que a sensibilidade feminina as impulsione para atividades voluntárias, mais que aos homens”, finaliza.