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Raízes nordestinas registradas no cordel
Projeto inspira crianças a retratar a história dos pais
Há quase 14 anos, a Associação Ludocriarte de São Sebastião, região administrativa do Distrito Federal, atua em diferentes projetos socioeducativos ligados ao resgate do lúdico, artístico e cultural no processo educativo e formativo da criança.
Em 2017, a Associação foi selecionada na chamada interna do Programa Voluntariado Integração 2017 e recebeu apoio de R$ 70 mil da Fundação Banco do Brasil (FBB) para o projeto “Nossas Raízes Nordestinas - Cultura e Identidade Sob o Olhar da Criança". Lawrence Hiroshi é gerente geral na agência Jardim Botânico, localizada em Brasília, e um dos responsáveis por acompanhar o projeto em parceria com a entidade. “É uma satisfação muito grande apoiar estas iniciativas. Todo projeto que apoiamos e dá segurança social para crianças em situação de risco traz um retorno inestimável para o Banco, a Fundação BB e a sociedade”, relata Hiroshi.
O projeto oferece a 80 crianças e adolescentes da comunidade um espaço de vivência e valorização das suas raízes, visando integrar elementos da cultura nordestina no cotidiano e contribuir para o fortalecimento de sua identidade.
E o primeiro fruto desse trabalho foi o livro de cordel Nosso Pé de Cordel Encantado, com sete histórias, além do vídeo abaixo. O trabalho foi dividido em seis grupos, que se intitularam com nomes de animais da fauna brasileira para cantar e contar suas raízes – tatus, lobos, raposas, oncinhas e tamanduás.
Paolo Chirola, idealizador do projeto, explica que a ideia de fazer um resgate cultural das histórias das crianças e adolescentes se deve ao fato da região de São Sebastião ser composta por 58% de imigrantes nordestinos, sobretudo dos estados do Maranhão e Piauí. Segundo ele, a construção do cordel se deu após treinamentos por meio de oficinas artísticas de música, dança, fantoches, desenhos e pinturas. “Fazemos um trabalho com o envolvimento de todos. Incentivamos os participantes a brincarem com as mesmas brincadeiras dos pais quando crianças, a assistirem filmes e a ouvirem músicas regionais. A partir daí as ideias foram surgindo e o oficineiro só teve o trabalho de juntar os pedaços das histórias, o que resultou nesse trabalho incrível”.
Paolo conta ainda que a única história individual do cordel é de um aluno que foi diagnosticado com autismo. Para incentivá-lo a seguir em frente, eles decidiram publicar sua história na íntegra. “Mais uma vez, a FBB nos proporcionou a possibilidade de desenvolver um projeto de enorme importância para as crianças da Brinquedoteca Comunitária e suas famílias, abordando temas como cidadania, descriminação, identidade cultural e liberdade de expressão", disse.
“O que eu mais gostei nesse projeto foi criar histórias e ver como elas são legais. Falando disso, eu até criei uma história em cordel que ficou muito boa, graças ao que eu conheci aqui. Eu aprendi de verdade a fazer rimas, aprendi muitas palavras e os seus significados. Por isso sou muito feliz por conhecer a Brinquedoteca”, disse Heliardo dos Santos Pinheiro, 12 anos, que compôs o Grupo Tamanduás.
Já a pequena Yasmim Alves do Santos, de 10 anos, participante do grupo Raposas relata que o que mais gostou no projeto foi aprender a rimar. "Aprendi que no cordel os versos têm sete sílabas e ajudei o meu grupo a montar uma história. Descobri que existe um ritmo chamado cacuriá, gostei muito de conhecer porque é uma dança do mesmo estado da minha mãe (Maranhão)”.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
O trabalho desenvolvido pela Ludocriarte está alinhado com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável Educação de Qualidade (ODS 4), que tem como uma de suas metas assegurar a educação inclusiva, igualitária equitativa e de qualidade, promovendo oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos.