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Polo tecnológico e de economia circular supera expectativas em Recife
Projeto promovido em parceria com a Fundação BB possibilitou a capacitação de jovens em metareciclagem
“E se diferentemente do modelo em que se descartam os materiais não biodegradáveis, como máquinas de lavar roupa, smartphones, televisores, existisse outro em que esses materiais retornassem ao ciclo de consumo? E se eles fossem levados de volta aos espaços para serem desmontados, otimizados e trazidos de volta para nós? A economia lucraria com a ausência de desperdício e o planeta também!”
É dessa forma que Domingos Sávio França, gestor do Polo de Formação Técnica e Reúso de Eletroeletrônicos, de Recife (PE), apresenta os princípios do núcleo implementado em fevereiro deste ano no estado e que já celebra o balanço positivo de suas atividades.
Fruto da fusão entre o Instituto Intercidadania e o Centro Marista Circuito Jovem do Recife, a nova unidade recebeu investimento social da Fundação Banco do Brasil no valor de R$ 758 mil para ampliação no atendimento aos jovens que vivem em situação de vulnerabilidade social, com oferta de cursos de capacitação profissional e aperfeiçoamento tecnológico. E, agora, colhe os resultados de todos os esforços.
Localizado na área de Tecnologia Social do Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC) do Recife, em Apipucos, o novo empreendimento conseguiu instalar 30 ecopontos na região metropolitana do Recife, recolher e processar mais de 60 toneladas de lixo eletrônico, capacitar e formar mais de 400 jovens, sendo uma turma formada exclusivamente com 30 refugiados venezuelanos, além de doar 400 computadores e instalar 30 telecentros. E, para comemorar os seus dez anos de existência, criou também uma nova unidade do CRC na Cidade de Rio Formoso na Mata Sul de Pernambuco.
Yngrid Regina da Silva, de 16 anos, foi uma das jovens formadas em três dos cursos oferecidos pelo Polo de Formação - Mídias Sociais, Reúso de Computadores e Similares, e Qualificação Profissional em Recondicionamento de Computadores com Ênfase em Suporte. E a adolescente conta que sua vida mudou completamente depois dessa oportunidade.
“Depois de formada nos cursos, me tornei voluntária no Polo de Formação. E, nesse período, fiz apresentações de projetos com alguns colegas de curso que me possibilitou um estágio na área de Recursos Humanos, Administração e Logística. Minha rotina de escola-casa mudou muito e hoje sonho em ter meu próprio negócio para aplicar tudo o que venho aprendendo”, conta a jovem.
Para o gestor, este é apenas o começo de um novo ciclo. “Estamos saindo da lógica do pedir um subsídio para a tendência de prestar serviços com alto padrão de qualidade e gerando oportunidade de trabalho e renda. Assim seguimos no desafio de cuidar do meio ambiente em um mundo cada vez mais tecnológico, onde vemos uma grande oportunidade chegando com a assinatura do acordo setorial para a logística reversa de eletroeletrônicos no Brasil”, conta.
Trocas de experiências
Nesses dez anos de funcionamento, o CRC Recife coleciona visitas de várias iniciativas que atuam tanto no território nacional como internacional que vivenciam o mesmo propósito. Entre elas, a Programando o Futuro, tecnologia social certificada pela Fundação BB que atende a região do Valparaíso (GO).
Atualmente, o centro integra a Exchange4Change Brasil (E4CB) - uma rede que tem como objetivo impulsionar a construção de parcerias internacionais, compartilhando conhecimento e desenvolvendo projetos inovadores, através de equipes multidisciplinares com base nos conceitos de simbiose industrial, ciclos reversos, cadeia de valor e o redesign de produtos.
Futuro
Os próximos passos do projeto rumam a novas apostas como a Plataforma Catalisa – Captar, Cooperar e Criar que atuará como um coletivo de negócios de impacto socioambiental, prestando serviços especializados na captação dos eletroeletrônicos de empresas públicas e privadas. Assim como na implantação de uma rede de 60 ecopontos para descarte voluntário desses materiais gerados por pessoas físicas.
Como o próprio nome sugere, a ideia é fazer com que esses materiais passem pela triagem, sejam desfabricados, refabricados e reintroduzidos no mercado, gerando trabalho e renda para as famílias participantes. Além disso, também se espera oferecer formação gratuita em cursos presenciais e à distância para os jovens e adultos, em áreas como tecnologia, meio ambiente e reciclagem, despertando-os para o upcycler (criação e ressignificação dos materiais tecnológicos).
O que fazer com sobras de tecido?
Projeto usa tecidos que seriam jogados no lixo para dar uma nova esperança de vida a mulheres em situação de vulnerabilidade social
Duas regiões administrativas do Distrito Federal que estão entre as de menor renda - Estrutural e Recanto das Emas – começam a ter um projeto que abrange a sustentabilidade nos níveis econômico, social e ambiental.
Trata-se do projeto Reuso Têxtil, Panificação e Produção de Alimentos, iniciativa realizada pelo Instituto Proeza com o apoio da Fundação Banco do Brasil (FBB). A ideia do projeto é reutilizar retalhos de tecido e roupas que seriam descartadas para a confecção de novas peças, permitindo gerar ganhos mensais e autonomia para mulheres que moram nessas regiões do DF e vivem em situação de vulnerabilidade social.
A iniciativa oferece, gratuitamente, capacitação em bordado manual, crochê, costura em máquina industrial, tecelagem, tingimento orgânico, panificação, educação financeira e plano de negócios.
No final de julho, o Recanto das Emas recebeu as primeiras oficinas de bordado e crochê. O interesse foi grande, com 90 alunas inscritas, sendo que mais da metade das participantes foi encaminhada pela rede de assistência social por estarem em vulnerabilidade social, segundo a presidente do Instituto Proeza, Kátia Ferreira. Mais importante que a capacitação para o trabalho, as alunas constroem um espaço de amizade e confiança. “Para mim está sendo excelente, porque além da renda, ajuda muito no psicológico da gente, na autoestima", afirma Maria Juliana da Silva, de 43 anos, que já fez aulas de bordado no Instituto e agora está utilizando o projeto para aprimorar a habilidade.
Outro motivo de satisfação para as participantes é que as filhas podem frequentar aulas de balé oferecidas por uma professora voluntária no mesmo horário das oficinas. É uma forma de deixar as mães despreocupadas e estimuladas para o aprendizado. Ana Lídia é uma das alunas da turma de crochê e leva sua filha de 6 anos para as aulas de balé. Ela relata a satisfação de mãe e filha com o projeto. "Ela está gostando muito e eu posso estar perto dela, participar e acompanhar". Em breve, uma nova atividade extra curso promete trazer mais filhos para lá: estudantes voluntários da Universidade de Brasília (UnB) darão aula de reforço escolar de várias disciplinas.
Além disso, o projeto cresce e em breve serão oferecidas oficinas de panificação com a estruturação de uma unidade de produção de pães e confeitaria. Esse é um pedido que veio da própria comunidade, já que muitas mães têm como prática a produção caseira de pães e bolos. A expectativa é que a padaria venda as guloseimas na própria região e abasteça com lanche os eventos relacionados à divulgação dos produtos feitos pelas costureiras.
E tem mais! Para as mulheres aprenderem a gerir as finanças do empreendimento coletivo ou individual que surgirão após as capacitações, o projeto também oferecerá oficina de educação financeira e plano de negócios.
Produção responsável
Para viabilizar a matéria-prima para os novos produtos finalizados pelas futuras costureiras, os idealizadores do projeto articularam parcerias com empresas doadoras de tecidos e de roupas usadas para a customização e confecção de peças novas. "Conseguir resíduos como matéria-prima para o projeto é fácil. As grandes confecções têm tanta necessidade de fazer o descarte, porque não podem levar para o aterro sanitário, que estão doando e ainda oferecendo a logística para entregar", afirma Kátia Ferreira, que também é coordenadora do projeto.
Kátia pesquisou iniciativas de reciclagem de produtos têxteis e disse que a indústria da moda causa bastante impacto ambiental. No segundo lugar no ranking das mais poluentes, perde apenas para a indústria do petróleo. O impacto ocorre em toda a cadeia produtiva têxtil, com a contaminação do solo, consumo de água e de energia, emissões de gases poluentes e geração de resíduos. Em levantamento feito com confecções do DF, Kátia estima que são geradas cerca de 155 toneladas de retalhos por mês na região.
As atividades do projeto são orientadas para o reaproveitamento de materiais, inclusive no tingimento, que vai utilizar matéria-prima natural, como borra de café, sobras de legumes de feiras livres (cenoura, beterraba, cebola) e madeiras descartadas em podas de árvore. Além do baixo custo, os corantes naturais também têm a vantagem de não contaminar a água e o solo. A proposta está de acordo com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 12 , que tem como tema "Consumo e Produção Sustentáveis". O ODS 12 é um dos 17 temas que compõem a Agenda 2030, adotada pelas Nações Unidas (ONU) para orientar os países a tomar medidas pelo desenvolvimento sustentável do planeta.
É do DF e quer ajudar o projeto?
Contato: Kátia Ferreira, presidente do instituto Proeza e coordenadora do projeto, telefone (61) 98209-7000
Endereço: Instituto Proeza - Quadra 200, conjunto 3, lote 5, Recando das Emas
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