
A Fundação Banco do Brasil, em parceria com a Casa Espírita Terra de Ismael, lançou no dia 16 em Jardinópolis (SP) o projeto “Saúde Sustentável e Inclusiva: Implementação da Fitoterapia com Apoio de Telemedicina nas Regiões Norte e Nordeste”, uma iniciativa inovadora que alia tradição, ciência e tecnologia para ampliar o acesso à saúde de qualidade em comunidades vulneráveis.
O projeto surge como resposta aos desafios históricos enfrentados por essas regiões, como a escassez de recursos médicos, barreiras no acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) e altas taxas de doenças crônicas. A proposta é integrar a fitoterapia – prática tradicional e culturalmente aceita – à atenção primária, com suporte de teleconsultorias especializadas, garantindo segurança, eficácia e respeito ao conhecimento popular.
Com investimento superior a R$ 4 milhões e execução prevista para 30 meses, a iniciativa contempla seis municípios estratégicos: São Sebastião do Umbuzeiro (PB), Manaus (AM), São Cristóvão (SE), Afogados da Ingazeira (PE) e Fortaleza (CE). Nessas localidades, serão implantadas ações estruturantes, como capacitação técnica de profissionais, fortalecimento das Farmácias Vivas e distribuição de mudas de plantas medicinais, fomentando práticas sustentáveis e geração de renda.
Entre as metas, destacam-se: 2.500 teleconsultorias, produção de manuais técnicos sobre uso tradicional e estudos etnobotânicos, além da entrega de conjuntos com 30 espécies medicinais para cultivo local. A expectativa é aumentar em 20% a prescrição de fitoterápicos no SUS, promovendo maior adesão dos pacientes e redução de custos com medicamentos convencionais.
O impacto vai além da saúde. O projeto contribui para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente os de Saúde e Bem-Estar (ODS 3), Redução das Desigualdades (ODS 10) e Vida Terrestre (ODS 15). Socialmente, amplia o acesso a tratamentos seguros e valoriza saberes tradicionais; economicamente, fortalece a cadeia produtiva local; e ambientalmente, incentiva o cultivo sustentável e a conservação da biodiversidade.
A solenidade de lançamento, realizada na Farmácia da Natureza, em Jardinópolis (SP), reuniu autoridades, pesquisadores e lideranças comunitárias. Durante o evento, o presidente da Fundação BB, Kleytton Guimarães Morais, destacou que o trabalho institucional integra povos em situação de vulnerabilidade em uma construção não hierarquizada com as comunidades e com respeito às realidades locais dos territórios. “Neste projeto houve uma construção com a professora Ana Maria, com o MDIC (Ministério do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços), MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar) e uma escuta ativa nos territórios de abrangência da iniciativa. Buscamos resolver problemas das comunidades, possibilitando protagonismo e autonomia.”
Professora Ana Maria Soares, destacou a importância do treinamento do profissional de saúde para a prescrição de medicamentos fitoterápicos. “Esse projeto vem preencher esta lacuna com um modelo a ser adaptado para o país inteiro. O projeto vai fornecer mudas com certificação química e botânica para outras instituições, hospitais e farmácias vivas e dará também treinamentos específicos para farmacêuticos de outras Farmácias Vivas para que a prescrição destes medicamentos alcance excelência com os três elementos: qualidade, segurança e eficácia”.
Haverá um treinamento para o cultivo de plantas medicinais a partir do curso de pós-graduação da USP denominado “Arte de cultivar plantas medicinais” com aulas teóricas e práticas. E esta capacitação tem o propósito de produção de plantas medicinais em escala e que possam ser destinadas ao SUS (Sistema Único de Saúde). Será ministrado também o curso “Da semente ao paciente” no qual o profissional passa uma semana de imersão no local da Farmácia Viva (de Jardinópolis – SP) treinando vários aspectos da produção de fitoterápicos. Haverá após o curso um acompanhamento de dois anos para a solução de dúvidas e que possa ser implementadas as boas práticas de produção de fitoterápicos.
Em um terceiro eixo, dedicado à sustentabilidade, há um trabalho para encontrar as principais espécies de plantas dos territórios de abrangência do projeto, que são coletadas na natureza e que serão trazidas para Jardinópolis (SP), multiplicadas e que sejam estudadas formas de propagação e conservação destas espécies.
A iniciativa está alinhada ao Plano Estratégico da Fundação BB – Rumos 2026-2030, que prioriza ações voltadas para populações em situação de vulnerabilidade, incluindo comunidades tradicionais, agricultores familiares e povos indígenas. Com isso, reforça-se a missão institucional de articular parcerias e promover caminhos coletivos para uma relação equilibrada entre sociedade e natureza.
Mais do que um projeto, trata-se de um movimento que une ciência, tradição e solidariedade para transformar realidades. Ao integrar fitoterapia e telemedicina, a Fundação BB e a Terra de Ismael reafirmam que é possível construir um futuro mais saudável, inclusivo e sustentável para todos.
Apoio voluntário à Fitoterapia na Terra de Ismael
O trabalho realizado na Farmácia Viva a partir da Casa Espírita Terra de Ismael tem o apoio de voluntários incluídos neste grupo funcionários aposentados do Banco do Brasil. A professora Ana Maria Soares explicou que a equipe da Terra de Ismael é reduzida e que eles são muito bem apoiados pelo trabalho voluntário. “Nosso trabalho é fundamentalmente voluntário. E esses voluntários ocupam posições estratégicas na instituição, são médicos, farmacêuticos, enfermeiros, químicos, agrônomos. E há também pessoas da comunidade que contribuem no trabalho realizado aqui. Por exemplo: nós produzimos mais de130 mil mudas de plantas medicinais por ano, com o apoio dos voluntários. São mudas utilizadas na produção de medicamentos e são entregues para as comunidades e outros projetos”.
Luiz Carlos Aleixo, aposentado do BB desde 1997, atua como voluntário nas áreas destinadas à Fitoterapia na Terra de Ismael. Ele explica que iniciou o trabalho voluntário na unidade BB que era designada CESEC (Centro de Processamento de Serviços e Comunicações) quando pode contribuir com ações sociais realizadas pela sociedade civil cujos resultados proporcionaram a criação de novas entidades sociais. “Este trabalho que nós fazemos na Terra de Ismael é muito importante pra nós como pessoas, porque dá uma alegria muito grande de poder contribuir com tudo aquilo que nós trazemos de formação no Banco (do Brasil)”.
Carmem Cecília Martins, também aposentada do Banco do Brasil, atua como voluntária na Terra de Ismael há 28 anos quando foi convidada a trabalhar na Farmácia Terra Vida, onde atua até hoje. “Muito do que eu vivi e aprendi no Banco do Brasil me auxiliou a fazer este trabalho com dignidade, com responsabilidade e me traz muita alegria auxiliar a todos. E agora com este projeto, que estamos iniciando com a Fundação (BB) tem trazido pra nós a esperança de poder atender mais pessoas. E esta alegria de estar auxiliando faz com que eu não queira sair desta atuação tão cedo”.
Programa Voluntariado do Banco do Brasil
Instituído em dezembro de 2001, possibilitou reforçar os vínculos dos funcionários voluntários e abrir um canal de comunicação, por meio do site do Voluntariado na Intranet. A iniciativa dá continuidade aos esforços iniciados em 1993, com a campanha Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, do sociólogo Herbert de Souza. Nesta ação coletiva o funcionalismo do Banco se articulou por todo país quando foram fundados mais de 3 mil Comitês para desenvolver as ações de combate à fome e a miséria.
Em 2004, o Banco iniciou o aporte de recursos financeiros para apoio de projetos desenvolvidos por voluntários, por meio da Fundação Banco do Brasil, denominado Projeto Voluntários BB. Os projetos dão apoio às ações de geração de trabalho, emprego e renda e de proteção ao meio ambiente, alinhados às políticas públicas do Governo Federal e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU.
Atualmente, o Programa Voluntariado BB conta com quase 30 mil voluntários, que atuam ou têm interesse na atuação voluntária. O Portal Voluntariado BB teve 380 ações voluntárias cadastradas, beneficiando 128 mil pessoas em 2024.
O programa foi reformulado para ampliar seu impacto social, com foco no voluntariado transformador, beneficiando sociedade, empresa e voluntário. Entre as ações previstas estão educação financeira, mentorias para empregabilidade e empreendedorismo, além de iniciativas estruturantes. A estratégia foi construída com base em análise histórica, pesquisas internas, benchmarking e workshops com áreas do BB, Fundação BB e voluntários ativos e aposentados.
A missão do programa é “Promover o desenvolvimento humano e sustentável, alinhado à Agenda 30 BB, por meio da solidariedade e cidadania”. O programa reforça os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e, em 2024, prioriza ODS 4 (Educação de Qualidade) e ODS 10 (Redução das Desigualdades).
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