Iniciativa oferecerá capacitação em informática, gestão de projetos e apoio psicossocial no DF
Alberto Imbunde chegou ao Brasil em 2009. Veio da Guiné Bissau (África) com o objetivo de estudar, mas a realidade que encontrou foi muito diferente do que havia sonhado. “O começo foi muito difícil, principalmente por falta de documentação, que atrapalhou meu processo de adaptação e os meus estudos”, explica.
A realidade de Alberto, é similar à de vários imigrantes e refugiados que chegam no Brasil todos os dias. Como forma de contribuir para a adaptação e ingresso no mercado de trabalho, a Fundação Banco do Brasil e a Cáritas Brasileira formalizaram um parceria para desenvolvimento do projeto “Educação e Capacitação para Refugiados e Migrantes do Distrito Federal e cidades do Entorno”.
Este projeto irá desenvolver ações educativas e de capacitação para aprimorar competências dos refugiados. Estão previstos cursos de língua portuguesa e cultura brasileira, leis trabalhistas, economia solidária, empreendedorismo e informática básica, que estarão disponíveis em uma plataforma desenvolvida em parceria com a Cisco, instituição com expertise em desenvolvimento de conteúdos digitais. Será criado também um laboratório de tecnologia da informação com equipamentos de informática, biblioteca e terminais com acesso à Internet para os treinamentos online. O investimento social será de R$ 570 mil e cerca de 200 migrantes e refugiados de diversos países serão atendidos.
Segundo Fernando Zambam, coordenador da Cáritas Brasileira, o projeto atende uma expectativa grande para dar vazão a demandas efetiva dos refugiados, para além das aulas de cultura brasileira e língua portuguesa. “Vamos dar acesso a serviços e capacitação que vai incluí-los em uma outra logica de convivência com sociedade brasileira por meio da economia solidária e empreendorismo”, destaca Fernando.
Além da capacitação, os participantes terão apoio psicossocial e apoio técnico para gestão de projetos, que inclui planejar, monitorar e avaliar as ações desenvolvidas dentro de um projeto. A iniciativa terá a duração de um ano e, ao final, espera-se que os imigrantes e refugiados estejam capacitados com competências digitais e preparados para o mercado de trabalho. O projeto “Educação e Capacitação para Refugiados e Migrantes” também será lançado, nos próximos meses nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo o presidente da Fundação Banco do Brasil, Asclepius Soares, “o projeto reforça o compromisso da Fundação BB com a inclusão socioprodutiva, melhorando assim a vida das pessoas, independente de raça, religião ou origem”.
Refugiados no Brasil
Em conformidade com a legislação brasileira, o refugiado é aquele que foge de seu país de origem por temor de perseguição, fundado em motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política. Além disto, a Lei 9.474/97 reconheceu como condição de refugiado os casos em que seja comprovada uma grave e generalizada violação aos direitos humanos.
Segundo o Alto Comissionado da Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), há cerca de 17 mil refugiados no DF com maior predominância do Congo, Haiti e Camarões. Para o órgão, um dos maiores desafios para o refugiado que chega ao Brasil é a validação da documentação. Outro obstáculo é a condição de habitação precária que essas pessoas encontram ao chegar ao País, pois tendem em residir em áreas com alta vulnerabilidade social, em comunidades de baixa renda. A ausência de documentação comprobatória de escolaridade é outro problema enfrentado, pois dificulta a continuidade dos estudos e a inserção em cursos de capacitação e no mercado de trabalho.
Uma das participantes do evento foi Prudence Kalambay, da República Democrática do Congo, que está há 10 anos no Brasil e que deixa uma mensagem sobre a importância do acolhimento ao refugiado.
A divulgação deste prêmio contempla quatro Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que fazem parte da Agenda da Organização das Nações Unidas com metas para o ano de 2030.